sábado, 12 de novembro de 2011

Que horas são em Haaretz? III


Cidade Velha - Jerusalém, Vitor Vicente, Setembro de 2010

Nunca fui grande fã de fotografia. Durante algun anos, recusava-me a viajar com máquina fotográfica. Achava que tirar fotos distraía-me da escrita. Até ao dia em que anunciei fazer o Transiberiano e um coro de amigos convenceu-me a comprar uma máquina. Desde então não faço uma mala sem lá colocar a máquina.
Mas essa mudança deu-se largos anos depois do dia em que - ainda eu vivia em Portugal - fiquei estancado numa exposição de fotografia de Joshua Benoliel, na Fnac do Chiado. Na altura, como sempre, não dei importância. Apenas me deixara ficar impressionado. Facto consumado, que não me pôs a pensar nem um insignificante instante. 
Recentemente, voltei a ter contacto com a fotografia de Joshua Benoliel. O reeencontro deu-se nessa galeria imensa que é a Internet. O nome do autor - que quando se trata de fotografia não costumo fixar - soou-me familiar. Senti que entrei em contacto, através de um vaso comunicante, com um olhar que podia muito bem ser o meu, senti-me a ser olhado nos olhos. Naquele olhar tremendo e lúcido que, apesar de trazer à luz acontecimentos específicos e datados, retrata mais que o espírito de uma época - retrata o espírito humano.
Hoje, Joshua Benoliel obriga-me a ver as suas fotografias com redobrado olhar. A sua visão dos homens consegue fazer-me crer que todos nós já andamos aqui há mais tempo do que temos memória.
Como seria o olhar de Joshua Benoliel, em pleno século XXI, sobre Israel?

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