Ter que tirar o visto transforma toda a ideia da viagem. Não só quando o visto é tirado à queima-roupa, à chegada ao aeroporto. Sobretudo, quando o temos que tirar, com antecedência, antes ainda de apanhar o avião. Aí, a adrenalia sobe.
Sobe-nos o sangue. A embaixada surge-nos como o nosso primeiro passo nesse país que, embora dado o primeiro passo, não pisámos - ainda. O passo dado não é mais do que um passo falso.
Tiradas as medidas, medidas as intenções, lá nos darão o visto de entrada. Para nos lembrar que existem fronteiras, de facto e gravata. O pessoal da embaixada parece meio parado no tempo, ou saído de uma novela de Franz Kafka.
No tempo de Kafka, ser aceite pela alfândega americana significava abrir a porta da terra dos sonhos. Há cinco séculos, na Pérola do Atlântico, partia-se para descobrir Índias. Eu vou atrás da ventura dos meus antepassados. Já só sei ir em frente via revivalismo revitalizado.
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