domingo, 6 de novembro de 2011

Com a de-vida distância III

Na Noite da Transilvânia - Cluj-Napoca, Vitor Vicente, Janeiro de 2009


A amizade é à prova do tempo. Não importa por quanto tempo estejamos distantes, nem a diferença horária entre a terra onde cada um ergueu a tenda. Os amigos não se medem aos fusos. Os amigos estão sempre lá, na hora H.
Os amigos vivem sempre na mesma franja horária. Mesmo quando estão longe, mesmo quando estão ausentes. Entres estes últimos, incluem-se também os mortos.
Mas não é hora de falar da morte. A morte já é uma certeza, mesmo quando para a farra não é chamada. É hora de falar do Facebook, de como essa ferramenta social nos permite acompanhar o movimento contínuo e ininterrupto do mundo através das actualizações dos nossos amigos.
Pensamo-nos o centro do mundo. Pensamo-nos e, num certo sentido, somos o centro do mundo. Pelo menos, o centro do nosso mundo. Como os outros serão o centro do seu mundo. Auto-centrados, todos contentes com isso, como se fosse um título, um estatuto, consideramos que uns vão à frente e outros ficaram para trás. Nós cá, no nosso canto, estamos posicionados no meio. Privelegiados, claro está. Vemos alguns amigos a preparem-se para ir para a farra enquanto outros acabam de acordar da farra anterior. Mais tarde, somos nós que estamos com pé e meio na party, enquanto outros desaparecem com mensagens de boa noite e outros vão publicando notícias sérias e lúcidas.
Compreendemos que a viver é um acto cíclico. Que os amigos vão e e vêm, em consonância com o movimento do mundo. Haja maré vazia de amizade ou dêem corpos de amigos à costa, nós assistimos a tudo com a de-vida distância.

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