Fim de tarde em Helsínquia, Vitor Vicente, Maio de 2013
Se me perguntarem qual a minha posição sobre a ideia de uma Catalunya independente, eu responderia que sou um catalanista cético. Catalanista por estar convencido de que se pode esquecer que se está em Espanha quando se está em Barcelona e arredores. Cético por crer faltarem infra-estruturas e condições básicas (exemplo: um exército) à Catalunya para constituir uma nação e por achar ridículo o conceito de império quando tratam por países as cidades onde se arranha catalão, desde a povoação de Perpignan até às Baleares, passando ainda pelos Sardos.
Na verdade, o Mediterrâneo erigiu uma muralha milenar e espiritual e que se assenta no mar. De momento, face ao poderio mediático do futebol, a capital do Mediterrâneo é a capital da Catalunya. Mas, por estas bandas, é tudo uma questão de porto. E o porto que hoje é um bom porto, pode amanhã vir a ser outro.
Chegados a este ponto - digo, a este porto - é hora de partir para uma cidade de dois portos.
Ela é Helsínquia. Donde partem colossos para as ilhas circundantes e para as primas bálticas vizinhas, Tallin e São Petersburgo.
Ela é mais do que isso. Ela é o parque a pedir pic-nic. Ela é a arquitetura escandinavo-estalinista. Ela é o vento a esvoaçar os cabelos longos da muita malta do Heavy Metal. Ela é a humildade degenerada em higiene que deixa a desejar. Ela é o que é, ei-la Helsínquia!
Onde os invernos parecem infinitos e os dias de Verão se vingam e se arrastam, lentos, contra o apagão. Onde o Báltico beija a baía da cidade, sem a abraçar, sem assumir compromisso. Só para selar o acordo assinado a âmbar, entre as cidades bálticas que, ao contrário da comunidade mediterrânica, convivem sem ter que se tocar.
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