sábado, 8 de junho de 2013

Via Frankfurt V

Casamento em Jaipur para o qual não fui convidado, Vitor Vicente, Novembro de 2011

Ir à Índia era algo que, agora que era oficial à distância de Frankfurt, já não era inimaginável. Já imaginar que iria de viagem na companhia doutros oficiais, no caso dois franceses, jamais me passara pela cabeça. Na verdade,  ir à Índia acompanhado ou a qualquer outro lado, sempre me pareceu irreal. Mais depressa me vejo a ir sozinho às Índias deste mundo e do outro do que ir com quem que seja ao café (em dublinês diria pub) da esquina.
Como devem calcular, nunca concordei (nunca fui de concordar) com a ideia de que três cabeças pensam melhor que uma. Estou até convencido de que uma cabeça iluminada está sujeita a ser decapitada, quando posta em confronto com cabeças ocas. Não quero com isto reclamar possuir uma cabeça iluminada. Quero apenas deixar claro que foi às escuras que as ideias para a Índia se imiscuíram, se amontoaram, e assim o plano inicial acabou algo atabalhoado, mais feito de atalhos e de retalhos do que de programas e de prioridades.
Muito havia para contar sobre a ida à Índia, na companhia de dois franceses, um dos quais de traços indianos e que era confundido com os locais a toda a hora.
Mas o foco que nos toca, nesta hora de restrospetiva, é Frankfurt. (Sobre o fiasco que foi a Índia, já por aqui barafustei que baste.) 
Chegámos a meio da manhã ao aeroporto de Frankfurt. Durante o tempo de espera (uma mão cheia de chatas horas) para o voo com destino a  Deli, fomos reabastecer o estômago no Starbucks do hall de desembarques. No meu caso, socorri-me de um scone sêco, que é como se querem os scones e quem como eu nunca conseguiu desertar do deserto, e um capuccino que, tivesse eu a arrogância anacrónica dos italianos que ainda não entranharam a derrocada do império romano, teria deixado muito a desejar. Já os franceses, claro que marfaram croissants, depois de apontar para as sandochas cheias de molhos e merdas que designaram de iguaria para irlandeses.
Na volta, já não de Deli, mas vindos de Bombaim, só deu tempo para que eu e o francês francesíssimo mudássemos de avião e seguíssimos viagem de volta para Dublin. Já o francês índico foi acabar as férias com a família, para Paris. 
O melhor de tudo isto (Índias, scones de Frankfurt, franceses) foi ter voado, tanto na ida como no regresso, em Business Class. Banquete a bordo, cognac e champagne à discrição, dormir e só acordar para dizer que não querìamos comer mais nada, não.  A comida na Índia  também era excelente. Uma viagem menos para os olhos, mais para a barriga. Uma viagem para testar o estômago. Para o lembrar que há muito boa gente que trava uma luta permanete para mater a fome, antes que a fome os mate. 

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