Centro financeiro de Frankfurt, Vitor Vicente, Janeiro de 2012
Lembro-me de, certo dia, ter lido numa certa e pretensa crónica de viagem que ir a uma cidade não é a mesma coisa que ir ao aeroporto que serve essa cidade. Lembro-me que primeiro imaginei uns quantos eucaliptos, a seguir já era eu uns desses eucaliptos e depois me perguntava porque me abatiam a mim e aos meus semelhantes para se erguerem estantes e publicarem revistas com frases tão fabulosas como essa que os meus incrédulos olhos acabaram de ler.
Já refeito da ideia de ser um eucalipto abatido, podia então começar este parágrafo e dizer que ir a Frankfurt é diferente do que ir ao aeroporto de Frankfurt. Podia ir em frente com a palermice e dizer que acompanhar meu pai e minha mãe no aeroporto de Frankfurt foi uma espécie de recuo à infância.
Podia, pois podia. Para o bem dos eucaliptos e em nome da ecologia em geral, vou parar por aqui.
Para frisar que Frankfurt fez parte do inesquecível itinerário de uma mão cheia (cinco!) de países que visitei, durante dez dias, na companhia de meu pai e de minha mãe.
Foi uma viagem plena. Perfeita.
Logo em Frankfurt, enquanto esperava pelo voo que vinha de Lisboa, fui tomado por uma febre de ansiedade que nunca haverá medicina tropical que consiga, algum dia, inventar a cura. Queria não só mostrar aos meus pais a cidade de Frankfurt, como o mundo que é o aeroporto de Frankfurt. Esse mundo onde desfilam todos os tipos de semblantes e trajes, onde os tapetes rolantes parecem elevar-nos até às estrelas, numa mistura de tapetes persas e tapetes vermelhos.
No regresso, quando me despedi de meu pai e de minha mãe junto à porta de embarque para Lisboa, foi como se não estivéssemos mais no aeroporto de Frankfurt, mas no próprio aeroporto da Portela. Tal como todas as vezes que parto de Portugal em direção a Dublin, também não foi em Frankfurt que fomos capazes de aprender e de dizer a palavra adeus.
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