A caminho do Aeroporto de Incheon - Seoul, Vitor Vicente, Dezembro de 2012
Existem experiências que fazem sentido num certo período da vida. Algumas delas, como percorrer a Europa num Inter Rail ou atirar-se aos setes ventos e aos ares da Ásia por um par de meses, ficaram-me pendentes. Poderei ainda fazê-lo, mas com a agravante que o cumpri tarde e que a principal piada vai passar por isso mesmo, por ainda ter tido fôlego para curtir algo tardiamente.
O mesmo vale para dar a volta ao mundo, à custa de meia-dúzia de mantimentos e de uns rendimentos intermitentes e obtidos à custa de um outro biscate disfarçado de trabalho.
Se bem que, para ser muito sincero, nunca consegui encarar com seriedade essa brincadeira de me desfazer do poiso, nunca me seduziu sobremaneira. Sou um bicho de hábitos, de rotinas e rituais. Sou até quadrado no meu quotidiano. Sou um chato e dou graças ao Senhor por ir ainda havendo quem me consiga aturar.
Daí que decidi, juntamente com quem tem o condão de me aturar, dar uma volta ao mundo à minha burguesa maneira, isto é com duas paragens: uma em Vancouver, outra em Seoul, como se estas cidades fossem vizinhas e de uma para outra se pudesse ir sentado num comboio suburbano.
Vancouver e Seoul nem são para esta crónica chamadas. Só para dizer que, como sempre, foi de Frankfurt que demos o salto para chegar à costa oeste do Canadá e foi também em Frankfurt que,enfim, fizémos uma pausa após voar da capital da Coreia do Sul.
Sempre cientes de que Frankfurt está aqui para nos fazer chegar à frente. Para nos fazer crer que o mundo parece maior e parece menor do que quando estamos parados, que vai parecendo menor à medida que nos movemos - mas também vai parecendo maior por percebermos que, por mais que nos movamos, ficar-nos-à sempre uma parcela de mundo pendente.
Todas as voltas do mundo passavam inevitavelmente por Frankfurt. Seja como ponte para partir para longe, seja como pausa antes de voltar ao poiso.
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