Canal Portobello - Dublin, Vitor Vicente, Junho de 2013
Há duas semanas e mais alguns dias que deixei de ser oficial de Frankfurt à distância.
Contudo, parece-me que tudo se passou noutra cidade, noutro tempo, numa realidade tão distante quanto outra reencarnação. Mas o mais estranho, diria mesmo mais espetacular, é que a rotina antiga continua lá, nada nem ninguém saíram do sítio de sempre. Nem o aeroporto de Frankfurt, nem o escritório onde eu estava em Frankfurt estando fisicamente distante.
Não guardo remorsos por ter deixado as funções de oficial de Frankfurt à distância. Tive experiências que, de outro modo, nunca teria tido oportunidade de ter durante toda uma vida. E tudo o que é inalcançável e irrepetível não tem preço ou se regateia, não tem troco, nem se troca por o que quer que seja.
A não ser por - e com isto ainda quero dizer que não me arrependo de ter sido oficial de Frankfurt à distância - por um quotidiano andante. Quanto mais andante, mais independente. Sem ninguém no teu pé ou cosido ao teu ouvido. Com poucas pressas, poucas pressões, poucos derivados da pesada palavra pessoa.
A tudo isso, rendida e grata, a cabeça semi curva-se e agradece.
Agradece também os vinte e dois países que, em trinta meses de oficial de Frankfurt à distância, consituíram um tão incansável quanto inimaginável périplo. Agradece, sim, mas ciente de que, antes ainda de ser staff dos ditos, já deambulara por quatro mãos cheias de nações. Trocado para números, vinte.
O ritmo, agora, é outro. Viajo como vivo, viajo porque respiro. Não descarto que, algum dia, possa partir para outro poiso, nem a cada tanto dar-me ao gozo nómada de adormecer nalgum lugar longe de onde acordo diariamente.
Entretanto, tenho hoje menos margem de manobra para me mover no espaço. Em contrapartida, disponho de mais tempo para espairecer o espírito. É baseada nestas nuances que me cabe encontrar o equilíbrio entre o que disponho de espaço e de tempo e, assente nesses alicerces, simplesmente, existir.
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