segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Diáspora de Dublin XXXI

Vende-se: Igreja  - Dublin, Vitor Vicente, Maio de 2012

Durante alguns anos, despendi o meu tempo de leituras entre os clássicos e os contemporâneos. Com o passar do tempo, continuo a ler os clássicos., já só leio os poucos contemporâneos que parecem ter centelha de clássicos, e também livros de divulgação que antes, meio por snobismo, meio por pressa, não achavam estatuto na minha estante, nem se estendiam na minha mesa de cabeceira (sim, eu leio e escrevo deitado e, sobretudo,na cama).
Hoje, como disse, dedico um bom tempo aos livros de divulgação. Ultimamente, tenho-me focado em divulgação de história. Não em livros que rebatem nos acontecimentos-chave da história da espécie humana. Antes no passado recente de pessoas, cujos retratos ou relatos, ainda muito têm em comum com as cidades do presente calendário.
No que toca a Dublin, entre outras coisas que não vêm agora aqui ao caso, fiquei a saber que um dos maiores bares da cidade - que  também é um dos poucos que não se trata de um Pub tradicional - foi, em tempos, uma estação de comboios. Para ser sincero, não me espanta. Sempre pensei ter-se tratado de um teatro ou de uma estação de comboios. Primeiro, por saber que, naquela área e em tempos, houve uma estação de comboios. Segundo, por toda a estação de comboios ter o seu quê de teatro e vice-versa.
Isto ilustra sobremaneira o atabalhoado aproveitamento urbanístico de Dublin. Posso adicionar outros dois exemplos: um Pub chamado "The Church" que, como o próprio nome indica, era uma igreja e uma outra igreja aqui do bairro que se tornou num complexo de apartamentos. Foram-se os fiéis, ficaram as pessoas e as pints. Estes são só dois exemplos, mas há mais pela cidade fora. Só aqui no Portobello está outra igreja para venda, com tabuleta e preço, como se fosse uma vivenda.  
Que vai ser do futuro, quando estivermos embalados num saco ou fechados numa caixa? Que construirão por cima do nosso cadáver? Por cima de que carcaças caminhamos? Continuará a Irlanda a improvisar neste mirabolante modelo de organização urbanística que nem se lembrou de ligar duas linhas de metro de superfície? Essa façanha é um clássico. Já se podiam aceitar apostas (atenção Paddy Power!) para adivinhar qual é a geração que vai ser contemporânea do grande acontecimento irlandês que vai ser ligar duas (as únicas existentes, assinale-se) linhas de metro de superfície que se encontram separadas. 

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