Banhista no Mar Vermelho - Praia das Corais de Eilat, Vitor Vicente, Abril de 2013
O idioma do turismo, oficialmente falando, é o Inglês. No final, de contas, Easy English para aqui, Easy English para acolá, andamos todos às turras para nos entendermos em Turistês. A troco de uns trocos e para brancóide vir nos ver.
Tomemos então uma dessas palavras em Turistês, digo em Inglês. Tomemos a palavra Resort. Palavra tão intraduzível como tantas outras, que se impôe em Inglês, com um único propósito: ficar ao alcance do cérebro diminuto do brancóide flip flop.
Por Resort entendo eu - que não sou brancóide por nenhumas bandas, muito menos por estas onde escrevo e onde me falam directamente na língua nativa - por Resort entendo um nicho que resiste à realidade propriamente dita e que dá a ilusão de que a única realidade existente se resume à que se passa entre as quatro paredes do retiro a que, rendidos, como quem chama um amigo, tratamos por Resort.
Eis-nos então em Eilat. Resort a céu aberto, sem outras paredes que não as fronteiras terrestres e marítimas com os amigos vizinhos. Resort onde faz sempre sol, onde nunca chove, com exceção de um outro rocket enviado pelos tais amigos vizinhos que não se gostam de se divertir e têm inveja de quem, como nós, se diverte à brava e à descarada.
Acresce ainda que neste Resort (eu avisei que, à falta de equivalente, este vocábulo ia-se tornar recorrente) se misturam Mediterrânicos com Russos, duas faces da mesma raça (por este termo recuso-me a pedir desculpa) que desbundam da vida no fio da navalha e à beira do Mar Vermelho.
Mar Vermelho que, juntamente com o deserto (Negev, pois devemos chamar as coisas pelos nomes), fazem de chão e de tecto a este Resort de céu aberto. De céu azul, azulíssimo, e imenso. Não muito longe (passível de uma One Day Trip, Mr Smith!) dista o Mar Morto. Mais à frente temos o Mediterânio, depois o da Galileia.
Moisés, há milénios atrás, sabia que, ao dividir as águas, tornaria Haaretz num Resort em pleno no coração do mundo e o que mais nos abriga do que mais nos agride: a realidade.
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