sábado, 29 de outubro de 2011

Variações sobre Velhas Viagens II


Docas de Copenhaga, Vitor Vicente, Junho de 2011

A fotografia, como se pode ler na legenda, foi tirada em Copenhaga. A "foto de autor", à direita, também. Apesar de Copenhaga não estar propriamente no coração do Continente - a capital da Dinamarca é a ponte entra a Europa e a Escandinávia - esta fotografia é eminentemente europeia. Europeíssima.
Considero-me europeu pelo simples motivo de me sentir em casa em qualquer parte do continente. Podia até exagerar, apresentar-me como nascido na Europa, na província europeia de Portugal. Mas não. Ninguém nasce europeu. Torna-se europeu. Eu rima com europeu. Eu rima com outra coisa que não vem para o presente caso.
Ou então não sou europeu, mas sim atlântico-mediterrânico. À beira destas águas, sinto sempre que o cenário é familiar como o de  casa. Seja o Atlântico que banha o Brasil (onde, pela primeira vez, percebi que existia o estatuto de europeu), seja o Mediterrânico que se estende das praias até às efervescentes esplanadas de Tel Aviv. Sou até mais do mar do que da terra. Jamais enjoei embarcado e já passei mal no convívio terreno com a espécie.
Posso agora dizer que, em vez de europeu, sou atlântico-mediterrânico. E reconhecer que Paul Theroux tinha razão quando, certo dia, chamou a atenção dos literatos: The misperception is that the travel book is about a country. It`s really about the person who`s travelling.

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