Belfast Ball, Vitor Vicente, Outubro de 2011
Há muito tempo que não escrevo sobre velhas viagens.
Na verdade, todas as viagens que fiz, por mais vivas que as memórias se mantenham, parecem-me velhas. Digo, todas as viagens que fiz antes de ti. E todas
as viagens que fiz antes de ti são quase todas as viagens que fiz.
A fotografia – já me esquecia de escrever – tirei-a em Belfast. Mas podia
ter tirado noutra cidade qualquer. A cidade nem vai aqui para o caso. Podia ter
ilustrado com uma fotografia doutra cidade, ou das cidades em que viajei nos
tempos em que não tirava fotografias.
Outros tempos. Mesmo as realidades visitadas recentemente, parecem-me
realidades remotas, pertença de uma vida prévia, de um tempo que ficou para
trás.
Agora todas as viagens são velhas. Amareleceram por serem anteriores a ti.
Todas as viagens, assim como todos os trânsitos por todo o tipo de viadutos,
são uma só viagem. Tanto mais velhas, mais verdadeiras.
Há o antes e o depois de ti. O antes abarca todas essas viagens que,
juntas, são o trânsito mais que absurdo. O depois é desde o nosso primeiro dia
a dois.
Adiante. Adiante que as viagens se fazem velhas e amarelas. A vida também.
O amor é o único antídoto à prova da velhice.
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