quinta-feira, 5 de junho de 2014

Ares pela Ásia III

Mercado-Flutuante - arredores de Bangkok, Vitor Vicente, Abril de 2014

É curioso, tão curioso, o fato de que vou começar esta crónica sobre a Tailândia a dizer que falo fluentemente Espanhol. A tal fluência será uma falácia acrescentar um certo amor pelo dito idioma. Para ser bem sincero, detesto o sotaque. Não obstante este mudo ódio, consigo ser fã de certas expressões espanholas. Por exemplo - e assim chegamos à Tailândia - desta: "venden de todo, incluso a su madre".
É a chamada força de expressão. Ou expressão exagerada. Até quando se trata da Tailândia. Até porque aqui o mercado das mulheres - que, entre os muitos mercados, é o "main" cá do sítio - mais depressa despacha suas filhas do que as respetivas mães.
Ele é o mercado das mulheres, o mercado-noturno, o mercado-comboio, o mercado-flutuante. Se a Irlanda é, como alguém disse no Facebook, um "grande fazendão", então a Tailândia não é mais uma Pátria, mas antes um hiper-mercado. Bangkok deixou de ser uma cidade e passou a ser um grande bar. Quanto a Krabi, como qualquer estância balnear, entre algumas pechinchas e meia dúzia de bugingangas, pratica preços de praia.
Brancóide paga. Com a falta de olhos que lhe carateriza a cara, vem à Tailândia - tida por terra dos sorrisos - fazer turismo de estar por casa. Afinal está tudo em Inglês, como na Califórnia.
Mais do que um hiper-mercado, a Tailândia é um grande bazar. Assim mesmo, na aceção tradicional da palavra. A sua economia - e, por consequência, a sua cultura - estão condenadas a ser arrendadas ao alheio. Reféns, sem outros meios e sem mais filhas e mães, acabaram por vender a própria alma. 

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