terça-feira, 8 de outubro de 2013

O Triplete do Leste II

Termas-mor de Budapeste, Vitor Vicente, Setembro de 2013

Antes de mais, um aviso à navegação: cada crónica que escrevo sobre cada cidade, faço questão de que seja escrita quando ainda estou nessa cidade. Exceção abro à série "Variações sobre Velhas Viagens". Mas é por isso que essa série de crónicas se chama como se chama. E, enquanto exceção, confirma duas coisas: primeiro, a regra, segundo que eu sou uma pessoa de regras.
A crónica que agora escrevo acerca de Budapeste também é uma exceção. É uma exceção da exceção - e por aí o leitor pode adivinhar que daqui não virá nada de excecional. A presente crónica é, pois, escrita no passado, digamos em diferido, sem enfileirar a série "Variações sobre Velhas Viagens". Ainda que esteja a ser escrita no conforto quotidiano da cama, que é a melhor escrivaninha que encontrei cá em casa - sendo a cama a melhor escrivaninha que encontrei em qualquer das muitas casas onde morei.
Dito isto, devo ainda acrescentar que fui - ou melhor, passei, pois tanto a ida como a volta foram conexões da viagem para Baku - por Budapeste como se estivesse à porta de casa. Assim (maneiras) sendo, esta segunda via de crónica, escrita de cotovelos assentes no colchão, não é tão descabida como isso. Ou isso quero eu fazer parecer à camada de nervos de aço, que não me perdoa por ter perdido a crónica que escrevi na cafetaria das termas de Budapeste.
A Budapeste -vamos lá, sem mais preâmbulos - a Budapeste, pouco mais pedi que uma pseudo-experiência de residente. De cidadania emprestada por dois dias, no primeiro deles, lá fui almoçar ao Espinoza, que é um dos bons restaurantes Judeus junto da Sinagoga-mor da Húngria - e da Europa, não fosse a maior Sinagoga do continente. Para me fazer passar pelo turista que sou, ainda tirei fotos ao Parlamento e à Catedral. Para dizer que estive em Budapeste, atravessei uma das pontes sobre o Danúbio e, pela primeira vez na vida, fui ao lado de lá, a Buda. 
No regresso, espraiei-me nas Termas. Não numas termas quaisquer, mas nas Termas-mor da Hungria - e da Europa, não fossem estas termas as maiores céu aberto do continente. E assim fui pseudo-residente em Budapeste durante dois dias. Como pseudo-residente vou sendo em Dublin há três anos e meio. Na verdade, acho que nasci votado para não conseguir corporizar a condição de residente em lado nenhum. Mas não estou preocupado, por enquanto, em encontrar a Terra Prometida.
Só queria mesmo era ter encontrado a crónica que escrevi na cafeteria das termas(-mor) de Budapeste. Terá ficado com a toalha? Com a toalha que, por estar molhada, optei por não pôr na mala e não trazer para casa? 

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