terça-feira, 3 de setembro de 2013

Micro-cidades dentro doutras Cidades IV

Restaurante Italiano em Little Italy - New York, Vitor Vicente, Abril de 2011

Em New York, única cidade que é indigna de ser tratada por outro nome senão o nome próprio, em New York, repito, passei a perceber um pouco melhor como são as demais cidades e como funciona o mundo em geral.
New York (New York, New York) é o modelo do mundo, a cidade-capital-estado que dita a conduta humana, a cultura mundana e que controla até a contra-cultura.
Todos nós, de certo modo, nascemos e crescemos em New York. Mesmo que essa informação não esteja mencionada no nosso cartão de cidadão.
É irrelevante. Em qualquer caso, New York já chegou a nós. Fosse nos bonecos com que dividimos o berço, fosse nos filmes que, aos domingos à tarde, os graúdos nos forçavam a ver.
Chegados à idade adulta, isto é a idade da independência, em que se pensa pela própria cabeça - que é uma idade a que muito boa gente não chega nunca, por eternamente ficar-se pela idade das trevas - podemos, por fim, escolher como e com quem existir. Por exemplo, temos o livro arbítrio de continuar a ir ao cinema e poder-se sentar na sala de cinema e/ou na cafeteria anexa. Podemos deixar de ter televisão, podemos ter televisão e não ver televisão e, ao cometer esse crasso crime social, deixarmos de ter assento (lugar cativo, nem pensar) na sociedade. Se cometemos ese crime por muito tempo, se se torna um crime contínuo, deixamos de ter com quem sair e, se insistimos em sair, deixamos de ter assunto para discutir à mesa.
Aqui no Purgatório, dei por mim a pensar que deve ter sido esse o meu crime social. Pelo menos, o meu principal crime social. Nunca me foi apresentado "O Padrinho". Nem o primeiro, nem o segundo, nem nenhum das sequelas. Os Padrinhos, pelos vistos, são mais que as mães. E, como qualquer produto americano, quer se seja fã, quer não, toda a gente ouviu falar a respeito dele.
Eu também ouvi falar, mas pouco sei sobre os Padrinhos. Suficientemente pouco para demorar muito a perceber que estive em Little Italy, em New York. Mas o suficiente para perceber que foi em New York que se criou o conceito de Little XXX. Não se tivessem, hoje em dia, todas as cidades tornado-se também "Little New York".  

0 Comentários:

Enviar um comentário

 

Seguidores