segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Micro-cidades dentro doutras Cidades III

Polícia em Chinatown - New York, Vitor Vicente, Abril de 2011

Chinatown chegou até mim enquanto procurava um hotel em New York. Chegou-me como uma autêntica pechincha, sem me prometer muitos mais mundos e fundos, do que um quarto onde pernoitar e um bairro onde evitar voltar tarde e a más horas da noite. Por prudência e gestão de fundos, acabei por ficar em Harlem. À semelhança do nosso lugar de origem, também o lugar onde nos alojamos interfere e muito na percepção que colhemos das cidades. 
Na altura, ainda não tinha estado na Ásia. Com as excepções de Eretz (Israel) e da Rússia Oriental que, para o puzzle do império Chinês, não são peças para aqui chamadas.
Se New York é o mundo, a Alemanha a Europa, então a China é a Ásia. Ou seja, a China é o que de América ainda a Ásia ainda consegue manter-se alheia. Penso que Singapura e o bairros britânicos de Hong Kong são onde menos cheira a China. Até porque a Ásia é sobretudo um apelo aos sentidos, com destaque para o olfato, depois a visão e a audição e, por último, o paladar e o tato.
Nunca antes tinha estado na Ásia profunda, nessa Ásia com que muito sonhava. Chinatown era um bairro bagunçado. A Ásia, apercebi-me disso depois, era sinónimo de bagunça. Não como a baguncinha brasileira. Se há bagunça parecida na América do Sul, só pode ser no Paraguai. Penso isso porque, ainda hoje, tenho presente o cheiro (lá está, o cheiro) da Ciudad del Este.
Cheirava a China. Chamamos de China a Coreia, chamamos de China o próprio imponente e imperial Japão. Tudo corrido a China. Todo o negócio da Ásia é tido por negócio da China. 
Chinatown nem tinha só chineses, tinha asiáticos de toda a forma e feitio. O bazar chinês, nesse aspeto, é tão abarcador como New York. 
Mas New York é um mundo. New York é New York, o que é o mesmo que dizer que New York é mais que um mundo. New York é o mundo e o mundo é New York.

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