domingo, 3 de fevereiro de 2013

Variações sobre Velhas Viagens XIV


Carruagem de teleférico pintada com as cores da bandeira do Brasil - Hong Kong
Vitor Vicente, Setembro de 2011

A um país pede-se que, pelo menos, se pareça a um país. Uma capital quer-se que, no mínimo, corporize o conceito de capital e que, no máximo, seja uma metrópole cosmopolita.
A Irlanda não está preocupada com isso. Na verdade, a Ilha Esmeralda não está preocupada com quase nada. Dublin cheira mais a campo do que a cidade. Ainda que esse seja - para quem o aprecia, claro - o seu encanto.
No entanto, não é este o encanto que é para aqui chamado a trazer caso. O encanto em causa é o de Dublin 4. Que é como se chama, à falta de código postal por estas bandas, a um conjunto de bairros que conseguem cheirar a cidade. Que conseguem até cheirar a cidades.
Que conseguem até cheirar a países deste continente e do outro. É sentir o cheiro que emana desta e daquela embaixada. Como uma constelação de chaminés. Eles são os Emirados Árabes Unidos, os Estados Unidos, a Ucrânia, o Quénia, a Turquia,o México, a Bélgica, a Holan...
A Holan...não. À Holanda só logrei chegar eu por esta enxorrada de embaixadas me transportar à primeira micro-cidade de embaixadas que conheci. Coisa que se deu, certo dia, quando uma tour ao sul do país das Tulipas me deixou deslumbrado com Den Haag. E me vi entre montes de mansões construídas à imagem e semelhança da casa típica das respectivas nações. 
Ontem voltei a Den Haag. Eu já sabia que Dublin se parece com a paisagem plana e pouco urbana de Amsterdam. Com a diferença de que Amsterdam cheira tanto a cidade como a campo. Eu já sabia que, ao voar daqui da ilha para a Europa, o impacto é idêntico ao de uma viagem inter-continental. Só desconhecia é que se podia ir a Den Haag sem sair de Dublin.

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