Merrion Street Upper - Taoiseach House, Vitor Vicente, Janeiro de 2013
De longe, literal e geograficamente de longe, prefiro receber os meus em Dublin do que encontrar os meus em Portugal. Quando digo os meus, digo os meus pais. Quando digo os meus pais, digo o meu país.
Ou, se preferirem, o meu país na pessoa dos meus pais. Com ou sem sentido figurado, ao fim de contas, tanto me faz. Desde que estejamos todos, juntos, num lugar que se possa designar como um lugar longe. Dublin, como foi o caso.
Ou, para personalizar ainda mais, na minha Dublin. Na Dublin de que é feito o meu dia à dia. Ou no que dos meus dias é feito mais em Dublin do que de Dublin.
Excepção feita a estes dias. Em que, ao acompanhar os meus pais, ao me tornar pai dos meus próprios pais, me tornei também guia turístico de tudo e todos. Até de mim próprio, que, de olhar outrado, me perguntava como a preguiça me fecha cá por casa.
É certo que lhes dei a conhecer a minha casa. Assim como o meu bairro e o caminho pelo meu bairro que faço, todos dias, até minha casa. Não fossem o bairro e o caminho do quotidiano parte da própria casa.
Canal acima, canal abaixo, debaixo de chuva curta ou de um sol entre o celta e o tímido, lá fomos até às margens do Liffey. Às compras, às cervejas, aos cafés que, aos olhos e às narinas dos portugueses, são chamados de cafés com cheirinho. Para dar um toque turístico, marquei o jantar de Sábado no Johnnie Fox, restaurante a pouco mais de meia hora do centro da cidade mas que parece distar mil e uma milhas da capital da Irlanda - até porque os transportes, tirando os táxis, são falhos, e aqui em Dublin depressa se assimila a tabuada do tempo: As distâncias não se medem em metros, mas em minutos.
Ainda sem sair das distâncias, abandonando por meros momentos a matemática dos minutos, termino a dizer que, durante estes dias, voltei a Portugal. Devidamente protegido pelos meus pais, à semelhança da infância. Digo, com a de-vida distância.
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