Memorial do Atentado à Associação Mutual Israelita-Argentina - Buenos Aires,
Vitor Vicente, Janeiro de 2012
Assinala-se, hoje, o dia da memória do Holocausto.
Reza a História que alguns homens se lembraram de condenar outros homens a campos de concentração. Com o objetivo de os torturar ou executar, consoante a sua sorte. Até extinguir a dita espécie. Sem outra justificação senão o facto de não terem direito à existência enquanto Judeus. Sem outra pseudociência senão a convicção de que se encontravam a reparar a genética.
Houve loucos que acreditavam que em Auschwitz e afins se purificava a humanidade. Houve loucos que se entretinham a dissuadir as réstias de céticos, a fazer-lhes crer que esta era a única e a última salvação possível.
Era só preciso esquecer – ou, pelo menos, deixar de estranhar – que a salvação era sinónimo de selvajaria. Sujar as mãos de sangue e dar banhos de chuva ácida era prática tão quotidiana como cada um de nós varrer a poeira de sua casa.
Hoje em dia, questiona-se como alguns alemães conseguiram ser capazes de tais atrocidades, de cometer crimes ao nível dos monstros cinematográficos. Por outro lado, pergunta-se como algumas pessoas puderam permanecer cúmplices da crueldade, como tiveram estômago para ser espectadores tácitos de atos hediondos. Não há resposta para estas reações ou falta delas, para estas realidades para lá dos limites do razoável. Entre ombros encolhidos, ouvimos, em registo mecânico e de bom burocrata, que o (departamento de) pessoal só obedecia a ordens.
Ordens de dizimar os que eram diferentes. De discriminar os que eram distintos. Tamanho era o atentado à tolerância, ao respeito recíproco. Como quem diz: Ó tu aí que não sei quem és, mas que sei que o és. Sim, tu, que tens todos os traços interditos. Todos os traços semitas. Peguei-te de ponta. Estás tramado. Mato-te, porco, mato-te e pronto.
Tão simples como isto. Terem na ponta da mira uma etnia. Como no tempo da caça às bruxas. Tempo que, pese o mal-estar presente, já vai longe das terras do Ocidente. Tempo que ainda é tempo vigente nessas tiranias de turbante e que os tidos por libertários, à falta de outro entretenimento, defendem para assim ofender o Ocidente. Eles, os autoproclamados libertários, que experimentem ir para o meio deles. Para melhor medirem – de preferência, à própria mão - o que dizem não ter mal, não ter absolutamente mal nenhum. Só não terão oportunidade de fazer viagem de volta, para contar a sua heroica história.
Mas a história aqui é outra. Para mal da memória do mundo, é uma história verídica. Tão verídica como haver quem a queira vender como mentira. Tendo em vista negar o Holocausto, com o propósito de perpetuar a permanente perseguição ao povo semita.
Atrás de um grande criminoso, há sempre uma grande falange de cúmplices. O coração de um facínora tem frio e arrefece se votado a estar sozinho. O coração de um facínora tem as costas quentes. Sempre.
Ou terá até ao dia em que a vida de mais ninguém possa ser vítima do que quer que seja, pelo simples facto de uma pessoa poder exercer a sua essência e reger-se por um código de ética em consonância.
0 Comentários:
Enviar um comentário