segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Diáspora de Dublin XXI

Late Shop in Rathmines - Dublin, Vitor Vicente, Julho de 2010

Lembro-me de, algures na infindável Internet, ter lido um artigo sobre a actual importância dos restaurantes de kebab na paisagem das cidades europeias. A linhas tantas, recordo ainda, perguntavam: "Que seria das cidades do Velho Continente sem as carnes penduradas dos Restaurante Turcos?".
Dito assim, parece um artigo em prol da entrada da Turquia na União Europeia. Ou, dirão os mais desconfiados, tratar-se-á o autor de um desses europeístas e etnocêntricos que não querem que a Turquia vá mais longe do espaço europeu do que servir-nos à mesa.
Eu cá contento-me com os kekabs na mesa e os turcos longe das portas de Viena. Mas também não boicoto kebabs árabes, nem me arrasto quilómetros até encontrar o congénere israelita.
Também não é minha intenção tomar nesta crónica qualquer posição política. Não há aqui mais tema a pôr na mesa do que a própria mesa.
No caso, a mesa do Zaytoon, um restaurante Persa, onde vim pela primeira vez há coisa de cinco e tal anos atrás, quando ainda morava em Barcelona e estive em Dublin de visita. Na época, acostumado aos kebabs bons e baratos dos Paquistaneses do Raval, amaldiçoei os Persas e achei a refeição um roubo. Hoje, ou desde que moro em Dublin, é rara a semana que não vou ao Zaytoon. Já não o que está no Temple Bar, mas na Camden Street, a rua que, a seguir ao Temple Bar, tem mais bares por metro quadrado na cidade - assim como o melhor restaurante, logo a poucos minutos a pé de minha casa.
O facto do Zaytoon ser o melhor restaurante de kebab cá do sítio e, a situá-lo em Barcelona, arriscar-se-ia a ser o pior de toda a cidade, senão mesmo de toda a Catalunya - isso só abona contra as opções gastronómicas em Dublin. Ao contrário de Portugal, onde há várias ofertas para comer bem, ao contrário dos Portugueses em Dublin  que acham que cá só se come bem em casa, por só em casa se poder comer como em Portugal, desta cidade eu só encontro razão de queixa por se pagar demasiado por uma comida que, seja onde for, sabe quase sempre ao mesmo. 
Não é que as cidades se meçam aos kebabs. Mas os ditos, ao contrário do que por aqui e aí se diz, não sabem sempre ao mesmo. Nem são comida para, a altas horas da noite, se enfardar e atenuar o álcool - até porque são comida tradicional de muito país onde não há bares onde se beba com boca de beber. 
Nem o kebap é fast food, nem a cerveja é a cachaça dos pobres. Ambos podem ser refinados. Mas essa é outra história. Por aqui, vai-se continuar a ter proveito de kebap e cerveja de qualidade. 
Com licença.

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