Goa - Mercado da Cidade Velha, Vitor Vicente, Dezembro de 2011
A Índia, ainda. Já não enquanto pátria propriamente dita. Antes enquanto pátria transmutada no que trouxemos dentro de nós e reencontramos no quotidiano.
Primeiro, e principalmente, os pedintes. Dá vontade de lhes dar pontapés, de atirá-los da ponte, às águas frias do rio Liffey. Toda a gente soube - mesmo os que, como eu, não têm televisão em casa - do documentário sobre os pedintes que fazem turnos para se ajoelharem numa ponte ou perto de um ATM de Dublin.
Mas essa é a realidade da rua. Que conhecemos na do condição de transeuntes, de deambulantes armados e alimentados até aos dentes. Ao chegar a casa, ao sentir o conforto nos cumprimentar na cara, lembramo-nos do quanto e do quando nos lamuriámos por esse dia ter sido mais uma cópia de todos os outros dias. Porém, passámos a saber que são cópias a cores, que onde víamos cinzento e chuva, vemos agora abundância e arco-íris.
Assim nos ofusca a nossa aparente opulência.
Até que, já semi-adormecidos, deparamos com um, dois, dez, uma data de indianos. Paramos e perguntamo-nos: que fazem aqui? Como se fossem personagens. Como se fossem pertença de um filme e se tivessem evadido do ecran.
Assustados, acordamos. Nunca estamos preparados para que ponham à prova a nossa tolerância.
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