quarta-feira, 10 de abril de 2013

Que Horas são em Haaretz? XI

Recordações de Haaretz - Jerusalém, Vitor Vicente, Junho de 2012

Não tenho televisão. Ou antes, ter, até tenho. Mas está desactivada. Ou talvez deva dizer desligada. Ter alguma coisa em casa sem fazer-lhe caso é o mais indigno modo de desprezo.
Tenho computador. O que, hoje em dia, é como ter televisão, rádio, leitor de dvd e biblioteca, incluíndo a senior seção dos jornais. 
Tenho conta no Facebook. O que, hoje em dia, em que toda a gente se pode dar ao direito de impôr aos amigos o dever da partilha, é como ter a casa cheia com os computadores dos outros. Quem diz computadores, diz também esses aparelhos irritantes que são as televisões. 
Tudo isto começa a ser muita coisa para a minha casa. Para a minha cabeça. Faz muito tempo que eu queria fazer frente às adições do Facebook e afastar-me desse desfile de partilhas durante uns dias. 
Tenho conseguido encontrar um dia ou outro em que me alheio dos audiovisuais. Um dia sabático que, nem sempre, assumo, coicinde com o Shabbat. É que sabático, para quem não saiba, é o período decretado por D-us para que o seu povo se dedicasse ao descanso. 
Mas descanso não se pode ter quando outrém - ainda por cima, outrém que se auto-proclama como Anónimos - ameaça atacar toda e qualquer pessoa afim a Israel ou ao Judaísmo. Assim, por motivos de força maior, pelo poder dos ditos anónimos, enfim, dos outros, fui forçado a estar fora do Facebook que é do mundo inteiro e também é meu - e que só deixa de ser meu quando eu quiser.
Que eu declare (e reclame) o direito ao descanso, não é novidade nenhuma. Que eu não o tenha feito com frequência devido a preguiça, também não é nada de novo. O que tem que ficar claro é que o descanso tem que ser decretado em nome próprio. Nunca por anónimos. Jamais por anti-semitas. No fundo, dois nomes para o mesmo mal: a intolerância, a obstinada inaceitação do outro enquanto outro. Pior, a incapacidade de ter vida  própria e o instinto de obter prazer em perturbar a paz de quem se pode permitir, neste mundo de partilhas e mentiras, a alguma paz e de se querer separar em troca de um certo sossego. 

2 Comentários:

MJ FALCÃO disse...

Odeio essa intolerância cega! Que no fundo é ...ignorância!
Um abraço

MJ FALCÃO disse...

Já agora deixo-lhe o post que escrevi há dias...
Preocupante...
http://falcaodejade.blogspot.pt/2013/04/preocupante.html

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