Pombos, pães e pessoas - Portobello, Vitor Vicente, Maio de 2012
14 de Agosto de 2006 Chego a Barcelona depois de deixar o Barreiro e de ter
pensado partir de Portugal na direção de Dublin Primeira semana de Maio de 2007
Venho a Dublin de viagem e volto a Barcelona onde entretanto vivo 14 de Agosto
de 2012 Vivo em Dublin 14 de Agosto de 2008 Mudas-te para Dublin 14 de Agosto
de 2012 Deixaste Dublin durante um ano mas para cá voltaste desde 2010 Duas
mãos (só as minhas, por enquanto) que se movem no mundo com leveza de luva com
leveza de cerveja Dois trens (digo trens, pois digo trens) que me levam a atravessar a Península de lés a lés Mais tarde a caminho de Dublin três tristes
trens (a ver aviões) um navio (a ver aviões) um vulcão cinzas A ver A beautiful day such a beautiful
day dont´t let it get away ay ay ay Estamos a viver abroad a board de uma
espécie de exterior sem espaço e pleno de espírito que só é habitável pelos
expatriados que vivem fora e ainda viajam e só por isso conseguem viajar à
pátria vulgo plataforma de partida 14 de Agosto de 2006 De bar em bar (caminhos
de ferro) até Barcelona De Dublin a Jameson depois o Tulamore Jew Eu e tu antes na mesma universidade
desacadémica catedraquética mesmas gentes gentias mesma cidade sem cor Depois mesma espécie de escroto armado em escritório nojo amor nojo hoje não
fosses tu amor hoje nada mais me sobrava do que nojo Mas há mais há o mesmo mar Mediterrâneo Há
Há`aretz no horizonte Não sei viver senão fora senão de fora senão por fora
Agora tenho mais uma desculpa (contigo, duas) para ter ido embora Há dias
tristes em Dublin há lamechas em todo o lado É verão em todo o lado em Agosto menos
em Dublin 14 de Agosto de 2012 mas eu gosto De ti da excelência sem exame que
preside ao exílio de ti Aos dois eu digo sim eu digo sim