sexta-feira, 7 de junho de 2013

Via Frankfurt IV


Anúncio da Nike com Cristiano Ronaldo - Macau, Vitor Vicente, Setembro de 2011

Se por um lado os bilhetes para os Oficiais de Frankfurt estavam sujeitos à disponibilidade de lugares, por outro eram muito baratos. Mais baratos ainda eram - quando  comparados com o preço de venda ao público - os bilhetes em Business Class. Podia-se também dar o caso - pode acontecer muita coisa em viagem, sobretudo se se viaja com bilhete staff - de se ter bilhetes em económica e, por esta classe se encontrar cheia, receber-se um upgrade por cortesia para Business. Ou o contrário, como foi o caso em questão.
Vamos descer à terra, pois é em terra que acabei por ficar. O voo para Hong Kong estava completamente lotado. No embarque, os colegas aconselharam-me a tentar ir via Munique. 
E lá fiz eu a ponta aérea alemã, estendido ao comprido na fila da saída de emergência, enquanto roía uns amendoins e as unhas que não tenho. 
Em Munique, tal como em Montreal, tive que esperar até à ultima. Esperei sentado, ao lado de outro stand by, que era namorado de uma hospedeira da United Airlines, que tinha vindo dos States para Singapura, com o objetico de assistir a uma prova de Fórmula 1 e que ia tentar usar Hong Kong como escala para o destino final. Era normal o pessoal stand by confraternizar cinicamente junto às portas de embarque, a fim de fazer perguntas-chaves (para que companhia trabalhas? há quantos anos? és piloto, cabin crew ou quê?) e assim averiguar quem estava à frente de quem em caso de escassez de lugares. 
Como eu era oficial de Frankfurt, ainda que à distância, acabei por entrar primeiro que o meu colega. 
Dentro do avião, já quase a aterrar, reencontrei-o e trocámos aquele sorriso cúmplice que, traduzido em palavras, era algo como "conseguimos que este pessoal, entre celebrações toscas do October Fest, nos desse um lugarzinho a bordo".
Muita coisa acontece a quem viaja com um bilhete patrocinado pelo aerofício.
Muita coisa se sonha. Muito sonhei eu enquanto marcava e remarcava bilhetes para aqui e para ali. Muita coisa sonhei nos períodos mortos do expediente. 
A Ásia era agora a porta aberta para um sonho imenso. Após ter estado na Ásia, o mundo nunca mais me foi o mesmo, a noção de nação nunca voltou ao sítio. 
Só ficou Frankfurt. À espera que eu dividisse os meus dias por Hong Kong, Macau e China, à espera que   eu só aceitasse voltar de viagem, se me fosse permitido começar a ver da próxima viagem. 

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