quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Micro-cidades dentro doutras cidades VII

Polish Shop - Waterford, Vitor Vicente, Agosto de 2013

Em vésperas de, pela primeira vez nesta vida (pelas outras não respondo), visitar a Polónia, recordo e evoco a minha mais recente viagem. 
Que foi, se bem se lembram os fiéis deste Blog, a Waterford. É certo que só ir e voltar no mesmo dia. Porém, depois de tantos dias, mais de dois meses, sem ir a nenhum lugar, pareceu-me uma verdadeira e valente viagem.
Esperava encontrar-me com uma Irlanda mais Irlandesa. Para isso, em vez de ir para Sul, devia ter ido na direcção Oeste. Estou-me a fiar nas palavras do taxista que, esta manhã, me trouxe do supermercado a casa (pois, em Dublin, mais depressa aparece um táxi do que um autocarro).
Em vez da Pint no Pub, que é uma espécie de Prego no Pão cá do sítio, ou seja um must, optei por almoçar num restaurante Polaco. Que me pareceu ficar no bairro Polaco da vila ou, segundo os standards Irlandeses, da cidade. Pelo menos, o restaurante ficava ao lado de um café Polaco (café é coisa do Continente), de duas ou três lojas de comida do Leste da Europa e de uma Sex Shop onde se conseguia ouvir o troc-troc.
Talvez este bairro Polaco nem exista. Talvez fosse fruto da minha fome (já eram quase três da tarde) e da fome de Continente que as ilhas fomentam nos espírito de quem por cá habita. Quanto ao frango, assim como o Nestea, de fantasia não tinham nada. 
No fim de contas, pouco importa averiguar que há aqui de factual. Aos Polacos cumpre trazer à ilha o que do Continente não chega cá e o dar corpo ao arquétipo de emigrante estúpido que os outros emigrantes, de pança cheia com as valiosas coroas Irlandesas, execram e/ou fazem chacota.
Que isto não chegue aos ouvidos dos Polacos grandões da pequena Polónia de Waterford ou de qualquer parte da Irlanda e do mundo. Caso contrário, com certeza que haverá porrada gratuita e se partirão os últimos cristais da vila (corrijo e, agora para me salvaguardar dos santos da casa, digo da cidade). 
A Polónia nunca teve tradição de emigração, nem qualquer colónia entre as suas fronteiras e viveu encurralada na eterna bulha entre os colossos Russos e o colossos Alemães. Não é que isso sirva de desculpa (alô, Belfast?). Nem tenha servido de muito para melhorar a conduta dos velhos impérios Ibéricos e Inglês  Veja-se como continuam a ser mal recebidos os emigrantes em Portugal, veja-se como os emigrantes continuam a fazer pouco ou nenhum esforço para se integrar em Inglaterra.
Dada mais uma porrada numa data de partes, retiro-me. Fico-me, contente, pelo frango, o Nestea e o troc-troc. 

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