domingo, 8 de setembro de 2013

Micro-cidades dentro doutras Cidades VI

Chinatown - Montreal, Vitor Vicente, Abril de 2011

Não guardo muitas memórias de Montreal. O que é francamente mau, pois é missão das viagens encher as gavetas com o que do mundo nos encheu o olho.
Na verdade, a Montreal pouco mais pedi que me mostrasse onde nasceu e e cresceu Leonard Cohen, que me desse a conhecer uma comunidade de emigrantes Portugueses à antiga e, claro, um pouco do Canadá enquanto país diferente e simultaneamente parecido com os Estados Unidos.
Tenho, pois, pouca coisa presente. Uma das escassas imagens marcantes de Montreal é um daqueles arcos vermelhos que assinalam que se está na Ásia ou em bairro Asiático. Por outras palavras, que se chegou à China. Na altura, ver esse vermelho a olho vivo cimentou-me a certeza de que estava a poucos passos (como quem diz, a poucos países) da Ásia (como quem diz, da China).
Alguns meses depois, ao voltar então da China propriamente dita, compreendi que, após se estar na Ásia, vê-se o mundo com outros olhos. Como se o mundo parecesse maior mas, ao mesmo tempo, de mais fácil acesso.
A Ásia é sinónimo de exótico. Argumentarão alguns que os Europeus também são exóticos aos olhos dos Asiáticos. Esquecem que a Europa todos os dias chega à China, mas o inverso não. Quando muito, nós não chegamos às chamadas cochichinas.
Mas às cochichinas nem a China, nem coisíssima nenhuma, chegam.
Nada, nem a Chinatown de Montreal, nem nenhuma Chinatown, nem Montreal, nem o Canadá. As cochichinas desta vida (que conseguem ser desta vida, sem serem deste mundo) vivem à margem do mundo. BBC ou CNN não lhes significa nada, nem sequer três letras. São ignorantes porque são ignorantes. A eles o conhecimento de História e Geografia, não é esperado, nem exigido.
A nós, não. Temos ferramentas para testar tudo, para aprender o básico dos básicos. Mas também não temos que, por isso, nos armar em doutores. Até porque doutores são os médicos e pouco mais. Mas isso não é mal desta Montreal. Só da comunidade Portuguesa desta e de todas as cidades onde hajam comunidades Portuguesas. É um mal de Portugal.  

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