segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Diáspora de Dublin VII


Guinness - Galway, Vitor Vicente, Março de 2011

A Irlanda, como ainda tem idade para se comportar como uma criança, pode-se permitir a certos caprichos. Como o narcisismo, que no caso das Pátrias é tido por nacionalismo. Ou a exaltação desmedida de si e de suas façanhas, que no caso das nações se nomeia épica de pacotilha. Isso sem que nada nem ninguém a leve a sério. Este país infantil e ternurento que é a Irlanda pode até ter o prazer de vender pão com a marca "Irish Pride". Sem que os países graúdos lhe venham pedir explicações ou a obriguem a pedir perdão. Era o que mais faltava. De tantos são os produtos com o autocolante, "Buy Me. I`m Irish", que abundam por esses supermercados de Dublin. 
Já o grande colosso germânico não pode cantar as glórias da casa. Se alguém sequer as ensaia, não tardam a temer e a espalhar o temor que o Terceiro Reich está de volta. Se cair uma telha na judiaria ali ao lado, então não faltarão acusações contra os alemães que se voltaram a achar os maiores. Isto enquanto, numa  esquina não muito distante, enquanto, dizia, não há clientes para a kebab, um dos muitos turcos por estas bandas se lembra de erguer a bandeira da Alemanha.
Na América todo o patriotismo é possível por se passar na América. Claro que é logo tido por tolice por parte dos comunistas e por sionismo por parte dos pró-palestinos. De resto, não creio que se faça caso. É cultural. Aceita-se como parte do chamado show off.   
Em Portugal, à falta de toalhas e de lençóis, usa-se a bandeirinha para tapar a miséria moral. Os nacionalistas de naftalina aproveitam a ocasião para fazerem ouvir a sua velha orquestra. Os esquerdistas chamam a atenção para um possível regresso do exército de fantasmas salazarentos e espalham o medo pelas sete quintas e quinas da Lusitânia. Fica conjugada a circunstância para todos tentarem fazer vingar os seus interesses, sem que no assunto sejam tidos nem achados nem chamados.
Em toda a parte, o miolo é mais do mesmo. Só a côdea cambia. Eu cá como do pão que o irlandês amassou.  E mais não digo: que eu saiba, ainda é  falta de educação falar de boca cheia. 

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