terça-feira, 2 de outubro de 2012

Amor de Mediterrâneo III

Las Ramblas - Barcelona, Vitor Vicente, Setembro de 2012

Barcelona é mais do que uma cidade. É uma super-cidade, o supra-sum do conceito de cidade. Barcelona é um bar a céu aberto. Barcelona é o o único pedaço de céu que D-us nos deu para desfrutar como um bar aberto.
Basta aterrar nas Ramblas. (As Ramblas são, aliás, o único sítio onde se aterra e se dá a impressão de se ter  ascendido às alturas). Basta arrastar-se, com vocação de vagabundo, nas Ramblas para se perceber que a realidade das Ramblas é uma e a do mundo é radicalmente outra. Inclusivé, a da cidade circundante, de que dizem (e que  nos custa a crer) se encontra em crise. 
A crise nem sempre nos permite pagar a boémia. Em contrapartida, Barcelona oferece-nos o prazer sem preço da praia. (Ao fundo das Ramblas, desejosos de desaguar no Mediterrâneo, é ainda possível aos pobres respirar a plenos pulmões).
Dito assim, o prazer parece a custo zero. Apenas parece. Esta cidade só se oferece a quem a merece.
Posto isto, deixei para trás tours turísticos para brancóide entreter, e ofereci um rally citadino pelas oito casas onde vivi nos primeiros oito meses na capital da Catalunya. (Feito num redondo oito, claro está). Das quais, duas foram dois hostels, onde vivi durante uma semana e dos quais mudei de um para o outro um par de vezes para poupar três euros que, na época, se traduziram em três baguettes de tortilha.
Época épica. Não havia sombra que deitasse abaixo os meus sonhos, nem assombro que me desassossegasse os desejos. O pragmatismo era para os parvos. Romantizar a realidade era tão matemático como pisar as Ramblas.
As Ramblas que, por muito que por lá rastejasse, nunca me pisaram como me pisou Portugal. 

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