terça-feira, 25 de outubro de 2011

Com a de-vida distância I


Dublin - Rathmines, Vitor Vicente, Julho de 2010

Alguns amigos, os verdadeiros e afirmativos, aqueles a quem o ciúme pela alegria alheia jamais vem ao de cima, costumam comentar comigo no quanto fiz bem em "ter cavado deste buraco". Eu concordo - claro. A única maneira de sair de um buraco é cavar o próprio buraco. E abrir buracos dentro do próprio buraco. Até criar um complexo e sofisticado sistema de transporte inter-buracos.
Através desse meu buraco, vou vendo o que se passa em Portugal, no mundo - por aí fora. Sem fios, sem cabos (eu disse que o meu buraco era sofisticado), sobretudo pelo Facebook, tento perceber como é o Portugal de agora. Por vezes, parece-me que ainda foi ontem que me fui embora. Outras vezes, parece-me que foi há bastante tempo, que devo estar enganado e que nunca vivi senão aqui.
Pasmo-me em como poderia participar, hoje, dessa paisagem. Até que ponto poderia fundir-me ou destoar dela. Penso, penso demais. Divago, como quem viaja sem rota, nem aurora. Nada concluo, a não ser que tudo seria diferente, que eu não seria quem sou agora, que eu não veria as paisagens com os olhos de quem foi embora.
Por ora, sei que escondo-me, logo existo. Eis o silogismo do exilado. Não assisto a nada à distância de Dublin. Vejo tudo com a de-vida distância.

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